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sábado, 11 de junho de 2011

“DANÇOU” CÉSAR


“DANÇOU” CÉSAR


  Ubirajara Godoy Bueno

                  

          Ainda que meu amigo Carlos seja dotado de uma vasta imaginação e dado a pilhérias, o que geralmente exclui a seriedade em nossas conversas, convenceu-me ele, desta vez, a acreditar na burlesca situação em que se viu envolvido recentemente.
        
         Encontrava-se meu amigo numa das seções da empresa onde trabalha quando entrou na sala um jovem com uniforme de serviço. Era funcionário de uma empreiteira que havia se instalado, fazia pouco tempo, numa área próxima.
         O rapaz tirou do bolso uma nota de dinheiro cuidadosamente dobrada, que parecia ter sido reservada com bastante antecedência, e a estendeu ao meu amigo.
         - O que é isto ?  – perguntou Carlos, surpreso.
        - O dinheiro que lhe pedi emprestado. Estou devolvendo – respondeu o jovem com um sorriso.
         - Deve estar havendo algum engano.
         - Emprestou-me na sexta, não se lembra ?
         Meu amigo tinha certeza de duas coisas: não conhecia o rapaz e não havia emprestado dinheiro algum.
         - Você não me deve nada.
         - Dívida é compromisso. Por favor, aceite o dinheiro.
         - Não posso.
         - Faço questão – insistiu o funcionário.
         - Deve estar me confundindo com outra pessoa.
         - O bigode... é você mesmo – assegurou o rapaz.
        - Pessoas de bigode costumam se parecer – falou meu amigo a primeira coisa que lhe veio à cabeça, ainda que absurda, numa tentativa de pôr fim ao impasse.
        - Tenho certeza  –  voltou o outro incisivo, balançando a cédula.
         - Não vou receber  – vociferou Carlos, já impaciente com a discussão.
         O jovem, a contragosto, guardou o dinheiro no bolso do uniforme e saiu da sala com ar desconsolado; ainda tentou voltar com um olhar de súplica, mas ao ver seu suposto credor retomar o trabalho, retirou-se de vez.
         Minutos depois Carlos vasculhava alguns arquivos numa sala vizinha quando alguém irrompe entre os armários com passos decididos. Nada menos que o funcionário da empreiteira.
       - Que bom te encontrar !   –  exclamou ele, eufórico.   Imagine  que agora mesmo quase entreguei o dinheiro que lhe devo a outra pessoa pensando que era você.
         Diante disso, meu amigo aceitou o dinheiro sem tecer qualquer comentário e o rapaz retirou-se, após efusivos agradecimentos, inteiramente satisfeito pelo dever cumprido.

         Pouco mais tarde, o dinheiro foi repassado ao legítimo dono.

* * *


DATA DA PRODUÇÃO: 1995  —  PUBLICAÇÃO:  jornal ADC Rhodia (Santo André SP), ano I, edição 07, julho de 1995.  —  REGISTRO: Fundação Biblioteca Nacional – Escritório de Direitos Autorais No  205.836   -   Livro 356  -  Folha 496  -  Data:  21/07/2000.

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