tradutor

traduza meu blog
Google-Translate-ChineseGoogle-Translate-Portuguese to FrenchGoogle-Translate-Portuguese to GermanGoogle-Translate-Portuguese to ItalianGoogle-Translate-Portuguese to JapaneseGoogle-Translate-Portuguese to EnglishGoogle-Translate-Portuguese to RussianGoogle-Translate-Portuguese to Spanish

sábado, 11 de junho de 2011

COLAPSO


COLAPSO

Ubirajara Godoy Bueno



           O primeiro homem enlaçou com uma corda o tronco que ainda não alcançara a robustez de sua estirpe. Um segundo cuidava de remover a terra de sobre as raízes.
         Entremeios, o feitor afiava a lâmina do machado.
         A corda foi estirada ao longo do quintal e presa a uma estaca. Demarcava onde a árvore tombaria ao cabo de alguns minutos.
         — Não parece ser da espécie que cresce muito – comentou um observador.
         — Vai comprometer os fios elétricos – replicou o Senhor do Quintal que acompanhava o trabalho.
         — Isso não vai acontecer. Bobagem cortá-la.
         O Senhor do Quintal reavaliou a altura da copa. Levantou os sobrolhos e torceu a boca com cara cismada. 
         — Melhor podar; já começamos o serviço – disse o feitor com autoridade, não querendo desperdiçar os preparativos.
         — Vamos deixá-la – interveio uma mulher que se aproximava do grupo crescente de espectadores.
         O feitor levantou o machado e mirou as raízes já expostas, mas ainda agarradas ao solo. Os galhos tremulavam, embora não ventasse.
         — Deixa estar – insistiu a mulher.
         — Está bem! Mas se crescer além do telhado, vamos cortá-la sem protelações – decidiu o Senhor do Quintal com o dedo em riste.
         A corda foi retirada e a terra reposta sobre as raízes.
         Na primavera, nenhuma flor coloriu a árvore. O caule não se desenvolveu, ao contrário, parecia definhar-se lentamente. As folhas perderam o viço. Os ramos pendiam como se curvados por um grande peso.
         Alguns cuidados dos moradores vizinhos, que lhe ministraram fertilizante e água fresca, de nada adiantaram. Desfolhada, e quase sem vida, a minguada árvore secou definitivamente.
         Um dia queimaram-na numa fogueira junina.

* * *


DATA DA PRODUÇÃO:  1993  —  PUBLICAÇÃO:  “NOSSO ESPAÇO” – Revista Rhodia (Santo André – SP) -  set../out. – 1993  —  REGISTRO: Fundação Biblioteca Nacional – Escritório de Direitos Autorais No   205.836  -  Livro 356  -  Folha 496  -  Data: 21/07/2000

Nenhum comentário:

Postar um comentário